Melhores empresas e mais cooperação, as chaves para sair da crise

Melhores empresas e mais cooperação, as chaves para sair da crise

Salvaguardar as pequenas e médias empresas frente à crise requer soluções urgentes e um plano a longo prazo, com mais cooperação e financiamento.

A nível global, as Pequenas e Médias Empresas (P&MES) são, entre os atores econômicos, aqueles que padecem de maneira mais cruel as medidas de confinamento adotadas para fazer frente à pandemia da COVID-19.

Na América Latina, as projeções são preocupantes: a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) estima que mais de 2,7 milhões de empresas formais poderiam fechar (2,6 milhões das quais seriam microempresas), o que implicaria uma perda de 8,5 milhões de postos de trabalho.

Nossos governos estão enfrentando simultaneamente vários desafios em um cenário histórico inédito, com menor interdependência produtiva e comercial em um contexto de multilateralismo fraco, com caída de remessas e aumento do desemprego.

Há de se somar que se trata de uma região com pouco espaço para aumentar seu gasto fiscal, pelo maior endividamento e pelos seus limitados ingressos fiscais.

Tudo isto implica um problema grave para o presente e para o futuro: as empresas que estão nascendo e as que estavam crescendo fazem-no em um contexto muito hostil.

As empresas que estão nascendo e as que estavam crescendo fazem-no em um contexto muito hostil

Medidas urgentes e estratégias a longo prazo

Os governos estão implementando políticas ativas de acompanhamento das P&MES, tais como acesso ao crédito para pagar salários, financiamento para capital de trabalho, assistência técnica, fortalecimento de capacidades, apoio às exportações e medidas de proteção do emprego.

Desde a Secretaria-Geral Ibero-americana (SEGIB) realizamos um relevamento periódico de todas estas iniciativas para compartilhar informação entre os países.

Com o foco colocado na urgência, estas medidas também fazem frente à necessidade de potenciar a integração produtiva em cadeias e conglomerados, e de fomentar a inovação como pilares para pensar uma estratégia de desenvolvimento a longo prazo.

As estratégias de inovação aberta adquirem cada vez mais vigência perante o aumento da deslocação de empresas e a dificuldade de se insertar nas cadeias globais.

As estratégias de inovação aberta adquirem cada vez mais vigência perante o aumento da deslocação de empresas e a dificuldade de se insertar nas cadeias globais

A possibilidade de incubar novos fornecedores e posicionar P&MES dinâmicas nos nodos globais de produção obriga a fortalecer as alianças entre as grandes empresas e os ecossistemas locais para identificar oportunidades nas cadeias produtivas.

Por isso, a SEGIB vem alavancando uma agenda de trabalho entre os governos e as empresas para potenciar ainda mais estas alianças.

Políticas de transformação digital

A transformação digital é o fenômeno que mais se acelerou no marco da pandemia.

A urgência do momento impulsionou o teletrabalho, o comércio eletrônico e a digitalização da gestão e da produção.

Torna-se fundamental acompanhar as P&MES para incorporar a tecnologia aos negócios e aportar novas maneiras de pensar e se adaptar às demandas do novo cliente digital.

Garantir o acesso é um compromisso dos governos ibero-americanos que, na maioria dos casos, adotaram políticas nessa direção.

Desde a SEGIB colocamos em funcionamento o estudo “Políticas de Transformação Digital para P&MES no Espaço Ibero-americano”, financiado pelo Fundo Chileno de Cooperação Sul-Sul Ibero-americano, que indagou sobre a política pública na matéria na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Espanha, México e Portugal.

Os resultados preliminares foram expostos durante o webinar «A transformação digital das P&MES ibero-americanas em tempos de pandemia»

Até alguns meses atrás dizíamos que o futuro de nossas P&MES era digital, hoje devemos reconhecer que é o presente.

Até alguns meses atrás dizíamos que o futuro de nossas P&MES era digital, hoje devemos reconhecer que é o presente

Mais recursos e financiamento

Este problema global necessita uma resposta global, que garanta os recursos que são necessários para fazer frente às consequências econômicas, e um compromisso cabal dos organismos multilaterais de crédito.

Do mesmo modo, faz falta potenciar a produtividade e competitividade das P&MES desde a integração produtiva, a inovação e a transformação digital.

O espaço ibero-americano é uma comunidade de cooperação horizontal com enorme potencial para impulsionar mais e melhores empresas que gerem empregos de qualidade e façam seu aporte ao desenvolvimento sustentável.

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