Por que é uma boa ideia compartilhar inovação entre p&mes e grandes empresas?

A inovação se abre à colaboração de p&mes e empreendedores, perante a crescente exigência de inovar rápido e inovar bem. A pandemia acelerou o fenômeno da inovação aberta que já é uma realidade crescente na Ibero-América. O que é e como impulsioná-la?

Por que é uma boa ideia compartilhar inovação entre p&mes e grandes empresas?

Em 2018, a empresa argentina Grido Helados entendeu que para seguir crescendo devia trabalhar em rede e se abrir a novas ideias. Junto a uma incubadora empresarial abriu uma convocatória dirigida a empreendedores argentinos e latino-americanos para selecionar projetos inovadores que lhe permitissem impulsionar sua proposta de valor.  Deste “convite a resolver” surgiram novas linhas de produtos como Grido Café, Postres Semi Fríos e até uma loja digital multimarca de alimentos congelados denominada “Gofriz”.

Alguns dos empreendedores selecionados se converteram depois em fornecedores da empresa, em uma espiral que alimentou novos empreendimentos. Todos os empreendedores e startups receberam capacitação, assessoramento e apoio, em uma relação de ganhar-ganhar.

Atualmente, a Grido está lançando uma nova convocatória de inovação aberta com a Aceleradora NXTP com foco em 5 desafios focados na busca de novas oportunidades de negócio.

A história da Grido Helados se repete uma e outra vez com diferentes protagonistas e em diversos setores. Cada vez mais empresas na Ibero-América estão apostando pela inovação aberta para melhorar a produção, comercialização e distribuição de seus produtos e serviços.

Em um mundo digital com ciclos de vida dos produtos mais curtos, toda empresa tem de inovar rápido e inovar bem para se manter competitiva e em alguns casos, até para sobreviver. Atrás ficou o tempo em que toda a inovação empresarial se realizava a porta fechada, no mais estrito segredo.

A carreira pela inovação imposta pelo chamado “time to market” e a transformação digital obriga grandes empresas a impulsionar sistemas de inovação aberta e a reconhecer que há conhecimentos que só podem ser encontrados fora das fronteiras corporativas.

Uma mudança de cultura empresarial

Os empreendimentos emergentes e p&mes aportam uma visão fresca e uma agilidade que, em muitos casos, não se encontra facilmente em grandes corporações de sectores tradicionais.  mais além de uma transformação tecnológica, as startups impulsionam uma mudança cultural, explica Bruno Rondani, CEO e fundador de 100 Open Startups, empresa brasileira que conecta grandes corporações com startups de toda a região através de uma metodologia que identifica oportunidades para colaborar juntas.

Esta relação entre grandes empresas e startups inovadoras é conhecida como corporate venturing, e segundo Rondani “está impulsionando uma profunda mudança na cultura empresarial na América Latina” que robustece a trama produtiva da região.

É uma relação ganhar-ganhar, porque existe complementariedade. “A debilidade de um é a fortaleza do outro”, explica José María Siota do IESE Business School.

A grande empresa aporta sua dimensão, respaldo, recursos físicos e humanos, enquanto as startups e p&mes oferecem agilidade, flexibilidade, criatividade, orientação ao risco.  Ainda assim, ao colaborar com a grande empresa, os empreendimentos emergentes acedem a um caminho mais potente para sua internacionalização.

Esta nova forma de relação é “uma oportunidade desde a diversidade”, opina Esteban Campero, responsável da área de P&mes da Secretaria-Geral Ibero-americana.

Inovação aberta e recuperação econômica

A pandemia aprofundou o fenômeno da inovação aberta, que previamente vinha se estendendo na região. Grandes empresas de sectores mais tradicionais impactados pela crise estão buscando com intensidade o apoio de p&mes e empreendedores para acelerar seus processos de transformação digital e tecnológica. Este fenômeno será decisivo para a recuperação pós-COVID, prevê Rondani em diálogo com o Portal Somos Ibero-América.

 Em um mundo digital com ciclos de vida dos produtos mais curtos, toda empresa tem de inovar rápido e inovar bem para se manter competitiva

Por outra parte, perante o fenômeno de relocalização das empresas (volta à produção em países do entorno ou localmente), a inovação aberta se converte em ferramenta chave para encontrar fornecedores e se reinsertar nas cadeias globais e regionais de valor, conclui o estudo “Impacto da pandemia nas estratégias de inovação aberta de empresas e governos ibero-americanos”.

O estudo também especifica os setores de oportunidade para a inovação aberta em um horizonte pós-pandemia: a inteligência artificial, as plataformas de comunicação remota e Fintech, entre outros.

El papel de la política pública

“Em um momento em que os governos estão percebendo o potencial da inovação aberta, desde a SEGIB estamos impulsionando esta cultura inovadora nas P&mes ibero-americanas com o apoio da política pública”, explica Esteban Campero.

A médio prazo, o grande desafio é conseguir “interconectar os ecossistemas empreendedores do espaço ibero-americano, alentando a mobilidade empreendedora e desenvolvendo uma rede de incubadoras, aceleradoras e meios de inovação”, concluem as associações empresariais em suas recomendações aos Chefes de Estado na última Cúpula Ibero-americana.

Para isso, são requeridos mecanismos mais fluídos e respostas mais conectadas à realidade do mercado desde a política pública. Falta mais capacidade de adaptação e previsão nos governos, opina o CEO de 100 Open Startups.

Precisamente, um novo episódio dos podcast do Portal Somos Ibero-América, fala sobre a inovação aberta como ferramenta para cocriar o futuro pós-pandemia, o qual incorpora as vozes de especialistas, empresas e governos em um diálogo sobre inovação, empresa e um futuro que chegou.

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