A cultura ibero-americana em tempos de confinamento

A cultura ibero-americana em tempos de confinamento

O que sucede quando em meio de uma pandemia, a cidade se recolhe, as pessoas se recluem e resulta impossível aceder à cultura viva e local?

Aparece a resiliência própria de um setor, que através de visitas virtuais a museus de toda índole, festivais nas sacadas, funções de magia e teatro para crianças, cursos de capacitação online, músicos que se reúnem em redes sociais para cantar juntos, e centenas de iniciativas culturais oferecem contenção emocional, entretenimento e consciência.

Na Ibero-América, no entanto, os trabalhadores da cultura e seus projetos estão sendo afetados de forma severa perante a irrupção do COVID-19 após a suspensão dos espaços de aglomeração como primeira medida de isolamento impostas em quase todos os 22 países da região.

No México, em Portugal ou na Argentina, a cultura aporta entre 2% e 3% do Produto Interior Bruto (PIB,) segundo o “Estudo comparativo de cultura e desenvolvimento na Ibero-América” (2017), da Organização de Estados Ibero-americanos, ainda que existam importantes brechas a nível de consumo cultural e financiamento, que em alguns casos está por baixo de 1%, mínimo que sugere a Unesco.

Por isso, os programas ibero-americanos de cultura, do Espaço Cultural Ibero-americano da Secretaria-Geral Ibero-americana (SEGIB), adaptaram sua oferta e ajustaram sua planificação para poder continuar apoiando o desenvolvimento do setor cultural e seus artistas.

Os programas ibero-americanos de cultura adaptaram sua oferta e ajustaram sua planificação para poder continuar apoiando o desenvolvimento do setor cultural e seus artistas

 

O museu em casa

Os museus ibero-americanos implementaram projetos digitais por meio de percursos virtuais, cursos online, acesso livre a bibliotecas e acervos audiovisual e documental. Além de adaptar seus conteúdos para interagir com suas audiências.

Alguns exemplos são as iniciativas do Museu do Brinquedo na Argentina, que através de redes sociaisconvida os menores a buscar o patrimônio do Museu do Brinquedo em casa, ou a do Parque Explora de Colômbia e seus #Exploraentucasa ou #sihayvisitas, um especial digital de propostas interativas com conteúdo multimídia, de pesquisa, aprendizagem social e conhecimento científico.

Um banco de boas práticas de projetos destes e mais museus ibero-americanos apoiados pelo Ibermuseus, estão disponíveis na web deste programa. Além disso, coloca à disposição do público uma lista de museus ibero-americanos que podem ser visitados virtualmente.

 

2020, Ano Ibero-americano da Música

Outros programas de cooperação ibero-americana que tomaram medidas são Iberorquestras Juvenis, Ibermúsicas e Ibermemória Sonora e Audiovisual. Os três lideram conjuntamente a organização do Ano Ibero-americano da Música lançado para este 2020.

O Iberorquestras Juvenis, por videoconferência e com a presença ativa de todos os países participantes, aprovou a oferta do programa 2020, estabelecendo um fundo de reserva para 2021 no caso de que as consequências econômicas provocadas pelo Coronavírus perdurem.

“Para isso foram modificados e adiados alguns projetos comuns, criando um grupo de trabalho para explorar a possibilidade de fazer uma Orquestra Virtual Ibero-americana“, segundo informam em sua web.

O Ibermúsicas está desenvolvendo uma nova plataforma online, enquanto mantém aberto durante todo o mês de abril o “Concurso Ibero-americano 100 anos do nascimento de Chabuca Granda – Criação de Canção”.

“Enquanto a cultura do dinheiro cai, ressurge a importância do sentido e a transcendência que nos brinda a arte, no qual a música tem um lugar especial. Sairemos desta situação mais fortalecidos”, afirmam em um comunicado.

Por sua parte, o programa Ibermemória Sonora e Audiovisual produzirá e partilhará conteúdos através das redes sociais, com o objetivo de “fazer crescer as interações e comunicar de maneira simples a importância de preservação dos acervos sonoros e audiovisuais”.

 

Oferta cultural dos países ibero-americanos

Os países ibero-americanos desenvolveram plataformas em linha para que as pessoas acedam desde suas casas, de forma gratuita, a todo tipo de expressões artísticas e culturais como concertos, sons, filmes, livros, artes visuais e uma ampla oferta patrimonial e documental da região.

Este universo de opções está disponível na plataforma da SEGIB, Ibero-América frente ao COVID-19

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