Rumo a uma Ibero-América justa e sustentável

O Secretário-Geral Ibero-Americano, Andrés Allamand explica a importância das questões a discutir na XXVIII Cúpula Ibero-Americana

Rumo a uma Ibero-América justa e sustentável

Hoje, a Ibero-América enfrenta diversos desafios. Alguns têm sua origem na situação interna dos países, enquanto outros são impostos pelo cenário internacional. Alguns são herdados, enquanto outros são consequência de processos que tiveram lugar nos últimos tempos. Dentro destes, por sua transversalidade e impacto, destacam os desafios derivados da mudança climática, os que emergem da transformação digital, as ameaças que se cernem sobre a segurança alimentar e as deficiências de uma arquitetura financeira internacional ideada há décadas, que não oferece ferramentas adequadas para paliar os efeitos das mais recentes crises e gerar um crescimento alto e mantido no tempo.

Para fazer frente a estes desafios, a Comunidade Ibero-americana decidiu reafirmar sua aposta por um multilateralismo sem exclusões, pelas soluções em consenso e pela cooperação centrada nas necessidades das pessoas. Assim o demonstra o trabalho realizado pelos 22 países ibero-americanos, liderados pela Secretaria Pro Tempore da República Dominicana e apoiado pela Secretaria-Geral Ibero-americana. Tal trabalho preparou o caminho rumo à XXVIII Cúpula de Chefes de Estado e de Governo, que terá lugar no próximo dia 25 de março em Santo Domingo, República Dominicana, sob o lema: Juntos por uma Ibero-América justa e sustentável.”

Neste encontro, as mais altas autoridades da região determinarão o rumo e as prioridades da cooperação ibero-americana para os próximos quatro anos com a aprovação do Plano de Ação Quatrienal da Cooperação Ibero-americana (PACCI III), e adotarão quatro instrumentos que fixam a posição da Ibero-América e propõem soluções a alguns dos principais desafios que a região enfrenta.

Na XXVIII Cúpula, os países ibero-americanos determinarão o rumo e prioridades da cooperação ibero-americana e adotarão quatro documentos que propõem soluções aos desafios da região

O primeiro destes documentos é a Carta Meio Ambiental Ibero-americana, que consolida a visão compartilhada frente aos desafios da mudança climática, da perda de biodiversidade e da contaminação, e estabelece alinhamentos para orientar normativas e políticas públicas nestas matérias.

O segundo, é a Carta de Princípios e Direitos Digitais Ibero-americana, que coloca as pessoas no centro da transformação digital inclusiva, atende às brechas existentes e evita novas, e promove princípios que os Estados devem ter em mente ao implementar as legislações nacionais e colocar em funcionamento políticas públicas.

 

O terceiro é a Estratégia para alcançar a segurança alimentar, que propõe, entre outras medidas, aumentar o comércio intrarregional e o desenvolvimento de cadeias de subministro mais resilientes, consolidar a agricultura familiar, expandir o acesso a financiamento para transformar os sistemas agroalimentares e fortalecer a infraestrutura digital rural.

O quarto, e último, é o Comunicado Especial sobre Arquitetura Financeira Internacional, que sistematiza uma proposta para avançar para um sistema financeiro internacional mais justo, inclusivo e flexível, que permita aos países ibero-americanos afrontar de melhor maneira os processos de recuperação pós pandemia, de transição energética, de adaptação climática e de luta contra a desigualdade.

A Ibero-América demonstrará na Cúpula de Santo Domingo sua plena vigência, sua capacidade de gerar acordos e propor respostas a problemas globais

A Cúpula será também uma instância propícia para, na perspectiva da presidência da Espanha do Conselho da União Europeia que terá lugar no segundo semestre deste ano, aprofundar a convergência entre ambas as regiões, identificando oportunidades para melhorar a articulação política, avançar nos acordos comerciais pendentes, impulsionar fluxos bidirecionais de investimento, e atualizar a cooperação.

A Comunidade Ibero-americana demonstrará na Cúpula de Santo Domingo sua plena vigência e sua capacidade de gerar acordos através do consenso e da inclusão, propor respostas a problemas globais, gerenciar um sistema de cooperação útil e eficaz e forjar alianças que permitem somar forças para alcançar os objetivos que foram propostos.

Artigo originalmente escrito e publicado para o Grupo de Diarios de América (GDA).

 

?️Vídeo mensagen do Secretário-Geral Ibero-americano, Andrés Allamand ás portas da XXVIII Cúpula Ibero-americana?